O Automobile Club de l'Ouest (ACO), a entidade organizadora do Campeonato do Mundo FIA de Endurance (WEC) e das 24 Horas de Le Mans, enviou uma forte mensagem no pretérito fim de semana, com o seu presidente, Pierre Fillon, a dizer que ambas as tecnologias - "fuel cell" e motores de combustão interna a hidrogénio - serão aceites a partir de 2026 na mais prestigiada corrida de resistência do automobilismo mundial.
A aposta do ACO no hidrogénio é algo que remonta a 2018 e o desenvolvimento do projecto MissionH24 segue essa linha. Porém, agora o clube francês sobe a fasquia, e com o forte apoio da FIA, ambiciona que a vitória à geral das 24 Horas de Le Mans seja discutida com veículos propulsionados a hidrogénio.
A Hyundai foi a primeira marca a mostrar interesse em construir um carro motorizado a hidrogénio. Contudo, um súbito interesse do construtor sul-coreano no mundial de Fórmula 1 terá atirado para segundo plano este projecto. Nas últimas semanas, com a contratação de François-Xavier Demaison, voltou a falar-se no interesse da Hyundai no mundial de resistência.
O projecto da Hyundai estará pendente de um possível compromisso no que diz respeito ao regulamento técnico, cujo rascunho inicial parece estar inclinado a automóveis com motor de combustão interna, enquanto a Hyundai
é actualmente o único construtor que privilegia um automóvel com tecnologia "fuel cell" (ou célula de combustível).
Igualmente muito interessada no hidrogénio, está a Toyota, que há muito advoga nos bastidores que este é o caminho a seguir de futuro para a classe principal do WEC. A marca nipónica tem feito várias experiências no campeonato japonês Super Taikyu Series, mas precisa de um palco maior para expor a sua tecnologia.
Por outro lado, o binómio Alpine/Renault também está sentado nesta mesa, como parte interessada.
Mais ao fundo na sala, a Ligier Automotive, em parceria com a Bosch Engineering, vão apresentar o Ligier JS2 RH2, a versão propulsionada a hidrogénio do Ligier JS2, na semana que antecede as 24 Horas de Le Mans.
Os três grandes construtores interessados no hidrogénio - Hyundai, Toyota e Alpine/Renault - estarão actualmente a negociar quatro pontos-chave para a arquitectura destes carros para que sejam minimamente competitivos a curto prazo:
o reservatório de hidrogénio, o peso mínimo, o reabastecimento e a aerodinâmica.
⚈ Reservatório de hidrogénio - Este tem uma dimensão considerável, o que exigirá novos chassis e mais longos do que os actuais Hypercar.
⚈ Peso mínimo - estes carros pesarão, na sua primeira fase evolutiva, mais do que os actuais protótipos da classe rainha. As estimativas apontam para mais 200 quilos do que os veículos LMH e LMDh.
⚈ Reabastecimento - Embora a Toyota tenha vindo a testar várias soluções, tendo conseguido resultados interessantes nos últimos meses, por agora, um reabastecimento seguro demora, no mínimo, três minutos.
⚈ Aerodinâmica - A necessidade de arrefecimento nestes carros é três a quatro vezes maior do que nos LMH/LMDh. Por isso, aeroelementos móveis e suspensões activas são motivo também de debate entre as partes interessadas.
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