Depois da FPAK revelar na passada semana a sua decisão sobre os N5 no CPR, fiquei na expectativa de ver quais as reacções que iriam surgir.

No próprio dia a APPA reagiu, no dia a seguir não reagiu ninguém, no dia a seguir ao seguinte também não vi nenhuma reacção significativa. Vi algumas reacções numa ou outra discussão curta nos grupos de ralis nas redes sociais, mas nada de muito importante.

Este fim de semana no Rali Spirit ouvi palavras de desagrado (para ser simpático...) relativamente ao comunicado da FPAK sobre os N5, palavras de quase toda a gente com quem abordei o assunto.

Esperava reacções de quem tinha interesse em correr de N5, neste caso os pilotos ou até um ou outro preparador. Esperava reacções de quem já tinha projectos no papel, de quem já tinha dedicado umas horas a preparar um projecto. Era a esses quem competia reagir à decisão, porque na verdade foram esses que tinham tempo dispendido com o assunto, e depois do comunicado perceberam que foi em vão. Mas não houve reacções.

Em Portugal os pilotos não usam as redes sociais para ter opinião, para dar o seu contributo para que tenhamos melhor automobilismo, preferem usá-las apenas para revelar que ganharam a classe no rali que disputaram. Será medo de represálias? Será uma questão de feitio? Será preguiça? Não sei.

Independentemente do que for, são os pilotos que têm de arranjar dinheiro para correr, que têm de disputar as provas e que têm de respeitar campeonatos, portanto serão eles os primeiros interessados em que tenhamos bom automobilismo. Se eles não se manifestam nem se associam, então temos o automobilismo que merecemos e acabou a discussão.

Falando deste tema não poderia deixar passar em vão a oportunidade de referir uma variante de piloto sem opinião. É o homem que nunca tem opinião publica, que assume que a transmite "no lugar certo". É discreto, mexe-se bem nos bastidores e tem forte poder persuasivo para levar o seu interesse a bom porto, mesmo que passe por cima de todos os outros. É o "chico esperto" de sucesso no meio de um imenso mar de silêncio, e tem por hábito alegar que fala em nome de supostas maiorias para defender o seu interesse particular.

Há certos silêncios tão sintomáticos, que acabaram por ser bem ruidosos.