Ao olharmos para a grelha de partida do Grande Prémio do Japão, que se disputava hoje em Suzuka, podíamos verificar que os quatro primeiro classificados do Campeonato de Pilotos – Fernando Alonso, Kimi Raikkonen, Michael Schumacher e Juan Pablo Montoya – arrancavam da segunda metade do grid, o que deixava antever uma corrida plena de emoção e estes protagonistas, na verdade, não defraudaram as expectativas de quem seguiu a corrida nipónica.

Ao se apagarem as luzes vermelhas rapidamente os homens deslocados das suas posições habituais começaram as suas recuperações, porém, Juan Pablo Montoya quando tentava superar Jacques Villeneuve na travagem para a chicane, viu o canadiano atira-lo para fora de pista, tendo o McLaren do colombiano batido violentamente nos rails e regressado ao asfalto, o que obrigou à entrada em acção do Safety Car, liderando o pelotão durante seis voltas. Este desentendimento entre os dois pilotos acabou por valer uma penalização de vinte e cinco segundos a Villeneuve, que foi considerado o culpado pelos Comissários Desportivos

Com a saída do Safety Car a corrida reiniciou-se e começou a desenhar-se. Kimi Raikkonen era apenas décimo segundo, ao passo que Michael Schumacher rodava já em sexto e Fernando Alonso não demoraria muito a desenvencilhar-se de Christian Klien, o sétimo classificado. Mas também o finlandês não estava disposto a perder demasiado tempo atrás de pilotos que estavam muito aquém do seu poderoso ritmo de corrida e em seis voltas ganhou cinco posições, perseguindo ferozmente Fernando Alonso que atacava intensamente Michael Schumacher na luta pela quinta posição.

O piloto espanhol tentou de todas formas passar o piloto germânico, mas este parecia ter um truque na manga para qualquer trunfo puxado pelo seu adversário. Contudo, Schumacher, nem ninguém, não esperava o que Alonso se aprestava para fazer. Ao se aproximar da dantesca 130R o Rapaz-Maravilha, colocou de parte todos os preconceitos e superiorizou-se a Michael Schumacher por fora, assinando uma das melhores ultrapassagens dos últimos anos, deixando Raikkonen e o alemão no encalço da sua liderança, depois de todos os pilotos que se encontravam à sua frente terem reabastecido.

No entanto, o piloto finlandês nunca se mostrou capaz de se aproximar o suficiente do Ferrari do alemão, acabando os dois por entrarem juntos nas boxes, mantendo dessa forma as posições relativas. Mas Raikkonen não estava mesmo disposto a perder mais tempo atrás do carro italiano e quatro voltas depois, estavam então disputadas trinta, ultrapassou por fora na Curva 1 o Campeão ainda em título, numa manobra plena de oportunidade e agressividade.

Era então a vez de Fernando Alonso, que com a sua entrada nas boxes madrugadora se viu suplantado por Schumacher e Raikkonen, se colar a traseira do ferrarista, sendo então evidente que o carro de Maranello estava a perder performance de forma consistente. Mais uma vez o espanhol foi obrigado a aplicar-se para surpreender o homem de quem receberá o Manto de Campeão, tendo obrigado Schumacher a um pequeno erro na travagem para a chicane, o que lhe permitiu superiorizar-se na recta da meta, lançando-se de imediato no encalço de Kimi Raikkonen.

Nesta altura era Giancarlo Fisichella que liderava com uma vantagem muito confortável para Jenson Button e Mark Webber, que sentiam cada vez mais a aproximação da dupla constituída por Kimi Raikkonen e Fernando Alonso. Com isto em vista, e tentando que o seu piloto não perdesse muito tempo atrás de concorrentes mais lentos, a Renault chamou o espanhol às boxes durante a trigésima sexta volta, o que o atirou para a oitava posição atrás de Ralf Schumacher e agora com um carro bastante pesado, algo que o viria a atrasar irremediavelmente.

Entretanto, Kimi Raikkonen não conseguia desenvencilhar-se de Button e de Webber, permanecendo na perseguição destes até que na quadragésima primeira volta, três depois de Fisichella ter realizado o seu derradeiro reabastecimento, o duo anglo-australiano entrou pela última vez nas boxes. A partir de então o piloto finlandês podia explanar todo o seu potencial, realizando voltas rapidíssimas na tentativa de conquistar uma vantagem de modo a que, depois do seu último reabastecimento, ficasse a uma distância que lhe permitisse atacar Fisichella.

Kimi Raikkonen acabou por se dirigir ás boxes quando estavam disputadas quarenta e cinco voltas e abandonando-as com uma desvantagem de apenas cinco segundo para o piloto italiano da Renault. Rapidamente se tornou claro que o finlandês iria alcançar o R25 de Fisichella, tal era a diferença de andamento entre os dois homens, já ultrapassar o líder seria outra questão. Quando faltavam duas voltas para o término da corrida, Kimi Raikkonen lançou o seu primeiro ataque, tendo Giancarlo Fisichella se defendido com autoridade. No entanto, quando iniciaram a última volta, o piloto finlandês lançou um novo ataque na travagem para a Curva 1 e, apesar do transalpino lhe ter oferecido o exterior da curva, o homem da McLaren concretizou a ultrapassagem com decisão, sonegando a vitória ao piloto da Renault, quando faltavam menos de cinco quilómetros para o fim da corrida.

Nada poderia diminuir a frustração reinante no seio da Renault, mas ainda assim Fernando Alonso conseguiu alcançar o degrau mais baixo do pódio, depois de se ter superiorizado a Mark Webber através de mais uma ultrapassagem soberba, o que ajudou a equipa de Enstone a regressar ao comando do Campeonato de Construtores.

Todavia, e depois do piloto espanhol ter tido o seu dia de celebração em Interlagos, hoje o herói era Kimi Raikkonen que realizou uma corrida extraordinária, cheia de garra e de sentido de oportunidade, depois de ter arrancado da décima sétima posição, mostrando que a conquista de um título é inevitável.

Tiago Monteiro, após o erro de ontem, realizou uma corrida sólida, ultrapassando o desconhecimento que detinha do traçado de Suzuka. Ainda assim, o piloto português impôs-se na sua corrida, tendo efectuado na corrida uma melhor volta que Narain Karthikeyan, o seu colega de equipa que já conhecia o circuito nipónico, superiorizando-se ao indiano por mais de quatro décimos de segundo.

Pos Piloto Equipa Pneus Tempo Voltas
1 Raikkonen McLaren Mercedes M 53 Voltas
2 Fisichella Renault M a 1,6s
3 Alonso Renault M a 17,4s
4 Webber Williams BMW M a 22,2s
5 Button BAR Honda M a 29,5s
6 Coulthard Red Bull Racing M a 31,6s
7 M. Schumacher Ferrari B a 33,8s
8 R. Schumacher Toyota M a 49,5s
9 Klien Red Bull Racing M a 51,9s
10 Massa Sauber Petronas M a 57,5s
11 Barrichello Ferrari B a 1m00,6s
12 Villeneuve Petronas M 1m23,2s
13 Monteiro Jordan Toyota B a 1 volta
14 Doornbos Minardi Cosworth B a 2 voltas
15 Karthikeyan Jordan Toyota B a 2 voltas
16 Albers Minardi Cosworth B a 4 voltas
ABANDONOS
Pizzonia Williams BMW M despiste
Trulli Toyota M acidente
Montoya McLaren Mercedes M acidente
Sato BAR Honda M excluído

CAMPEONATO DE PILOTOS
Pos Piloto Equipa Pneus Pontos
1 Alonso Renault M 123 Pontos CAMPEÃO MUNDIAL 2005
2 Raikkonen McLaren Mercedes M 104 Pontos
3 M. Schumacher Ferrari B 62 Pontos
4 Montoya McLaren Mercedes M 60 Pontos
5 Fisichella Renault M 53 Pontos
6 Trulli Toyota M 43 Pontos
7 R. Schumacher Toyota M 39 Pontos
8 Barrichello Ferrari B a 38 Pontos
9 Button BAR Honda M 36 Pontos
10 Webber Williams BMW M 34 Pontos
11 Heidfeld Williams BMW M 28 Pontos
12 Coulthard Red Bull Racing M 24 Pontos
13 Villeneuve Petronas M 9 Pontos
14 Massa Sauber Petronas M 8 Pontos
15 Monteiro Jordan Toyota B 7 Pontos
16 Wurz McLaren Mercedes M 6 Pontos
17 Karthikeyan Jordan Toyota B 5 Pontos
17 Klien Red Bull Racing M 5 Pontos
19 de la Rosa McLaren Mercedes M 4 Pontos
19 Albers Minardi Cosworth B 4 Pontos
21 Friesacher Minardi Cosworth B 3 Pontos
22 Pizzonia Williams BMW M 2 Pontos
23 Liuzzi Red Bull Racing M 1 Ponto
23 Sato BAR Honda M 1 Ponto

CAMPEONATO DE CONSTRUTORES
Pos Equipa Pneus Pontos
1 McLaren Mercedes M 174 Pontos
2 Renault M 176 Pontos
3 Ferrari B 100 Pontos
4 Toyota M 82 Pontos
5 Williams BMW M 64 Pontos
6 BAR Honda M 37 Pontos
7 Red Bull Racing M 30 Pontos
8 Sauber Petronas M 17 Pontos
9 Jordan Toyota B 12 Pontos
10 Minardi Cosworth B 7 Pontos