Há cerca quatro anos, o governo socialista de José Sócrates terá concordado em financiar a Oceanational Motor, que é dona da Ocean Racing Technology, equipa que milita na GP2 Series, como forma de promoção do Autódromo Internacional do Algarve, que seria inaugurado em Novembro de 2008. Contudo, o apoio prometido não chegou na totalidade e a equipa de Tiago Monteiro e José Guedes reclama agora o que lhe é devido e terá já conversado com o actual executivo.

Em 2008, o Estado planeava patrocinar a equipa lusa que nasceu dos restos da defunta BCN por via indirecta, através da Parkalgar, a empresa privada detentora do Autódromo Internacional de Portimão que por sua vez, pagaria à estrutura do piloto do Porto. No fim, nem o Estado, nem a Parkalgar cumpriram o acordado. O processo foi feito nos bastidores, avança o jornal o Público.

A publicação diária diz que este processo foi feito sem o escrutínio público nem contratos formais e surgem depois de o Estado ter patrocinado o mesmo piloto de forma oficial, quando este corria na Fórmula 1. Esse apoio no valor de dois milhões de euros valeu a participação do piloto portuense no mundial da F1, na épocas de 2005 e 2006, ao serviço da Jordan. Mais tarde, o Tribunal de Contas veio a considerar esse contrato ilegal.

O projecto da GP2 Series remonta a 2008 e foi apadrinhado pelo secretário de Estado do Desporto, Laurentino Dias. A Oceanational (dedicada à investigação, desenvolvimento, produção de peças e acessórios para o sector automóvel, mas também à organização de eventos desportivo) propunha-se adquirir uma equipa de competição que se viria a chamar Ocean Racing Technology, para participar na GP2 Series, competição que chegou a ter provas em Portugal.

De acordo com a mesma fonte, Laurentino Dias terá enviado por e-mail um memorando à equipa portuguesa da GP2, em que diz que o apoio seria concedido através da Parkalgar e teria o valor máximo de dois milhões de euros por temporada durante o período de três anos. Segundo o Público, esta tratou-se da forma que o Governo encontrou para financiar a Ocean por via indirecta.

No entanto, a Ocean, que neste momento vive uma situação debilitada, recebeu apenas um milhão de euros dos seis milhões inicialmente previstos. No entanto, esta equipa continuou a competir e a publicitar o nome do Autódromo Internacional do Algarve [um dos propósitos do contrato], sem receber o dinheiro em causa, até que a Parkalgar deu entrada em Outubro deste ano, com um Processo Especial de Insolvência no Tribunal de Portimão.

Neste processo, a empresa de Tiago Monteiro não votou ao lado dos restantes credores, por defender que o Estado português é co-responsável pela dívida da Parkalgar. E defende em tribunal:"O Estado português reconhecendo a importância que aqueles campeonatos [GP2] assumem como veículo privilegiadíssimo para divulgar o nome de Portugal e, especificamente, da Parkalgar e do seu Autódromo pelo mundo fora, empenhou-se fortemente em assegurar a presença de uma equipa portuguesa".

Laurentino Dias contactado pelo jornal diário desmentiu a intervenção do Estado no processo e mostrou desconhecer o memorandum em causa. "Nunca o Estado interveio no sentido de contratualizar ou protaculizar o que quer que fosse com a empresa", disse. Confrontado com a existência de um memorando, o ex-secretário de Estado do Desporto afirmou estranhamente não se lembrar de ter escrito aquele documento.

A única equipa portuguesa na GP2 Series vive atualmente momentos complicados e existe uma enorme incerteza sobre se irá estar na grelha de partida da próxima temporada da antecâmara da Fórmula 1.


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