Os três construtores do Campeonato Mundial de Ralis não estão em sintonia com a revolução que a FIA quer fazer no campeonato já a partir de 2025.
Cyril Abitboul falou aos microfones da RTBF para reforçar essa posição, a qual já tinha sido tornado publica através de uma carta aberta à FIA assinada pela Hyundai, Toyota e M-Sport Ford. Entendem que o trabalho deve ser feito para os novos regulamentos de 2027 e não para já.
"Reiteramos os comentários já feitos na reunião de Dezembro, fica óbvio que não tínhamos sido suficientemente claros sobre os nossos objetivos e as nossas convicções," começou por afirmar o francês.
Os construtores concordam com "um certo número de pontos da FIA e do grupo de trabalho", mas realça que o objetivo é a nova regulamentação para 2027 e "cada dia que não se trabalha para 2027 é um dia perdido."
O responsável da Hyundai Motorsport reconhece as fragilidades do campeonato e a falta de viaturas, "mas não vemos realmente como remediar isso no imediato" defendendo que se deve trabalhar para, a partir de 2027, "atrair o máximo de construtores, participantes e jovens pilotos. As propostas da FIA, por unanimidade, não contam com o apoio dos construtores."
Apesar desta voz ser dos três que possuem viaturas Rally1 homologadas, a Skoda e a Citroen ainda não deram qualquer opinião sobre os princípios de futuro que o Conselho Mundial da FIA aprovou no final de Fevereiro.
Apesar do tom critico, Abitboul tenta acalmar um pouco as emoções. "No desporto existe disciplina, existe um líder que acredito que muitas vezes tem de tomar medidas que não são populares. Reconheço a vocação da FIA para tomar essas decisões, e a nossa para alertarmos."
Defende que se deve evitar de entrar em conflito entre as partes, deixando no ar que poderão existir interesses políticos distintos dentro da FIA. "Os ralis estão muito frágeis para permitir disputas políticas que podemos ver noutros desportos. Devemos ouvir-nos uns aos outros nos ralis, recomendamos estabilidade."
E acaba por deixar no ar as razões que podem levar a FIA a tomar a decisões que, aparentemente, não eram do agrado das marcas que têm suportado o mundial de ralis vivo.
"A FIA tem as suas diretrizes, talvez leve em consideração parâmetros que desconhecemos. Pode haver um desequilíbrio de informações, eles podem conhecer coisas que nós não sabemos. Temos que ter respeito, não estamos em situação de fazer chantagem. Mas também apresentámos propostas concretas para 2025 e 2026."
Sabendo-se que a Hyundai está a trabalhar numa profunda revisão do seu i20 Rally1 para 2025 e 2026, Abitboul é o que mais urgência tem em saber como serão exatamente os regulamentos de 2025 e 2026. "Certas partes poderão exigir atrasos de um ou dois meses. Para mim é necessária uma decisão este mês, no final de junho será tarde demais. Trabalhamos a partir de pressupostos de estabilidade regulamentar.” concluiu.
A verdade é que este ano se vive uma situação inédita, a FIA prevê apresentar em Junho os ajustes aos regulamentos atuais, os quais darão origem aos carros que estarão a correr apenas 6 meses depois.
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