Depois do descalabro do Algarve essencialmente devido a regulamentos, no mínimo, desfasados da realidade de um rali único, e numa atitude reactiva (como sempre) quem legisla resolveu alterar a regulamentação. Seria expectável que o fizesse seguindo os bons exemplos que acontecem lá fora, porém, mais uma vez, tudo mudou para ficar quase na mesma.
Fazer uma qualificação (que nas provas de terra serve para que os primeiros do campeonato, normalmente os mais rápidos, possam “fugir” a abrir a estrada) não apenas aos Rally2, mas também a 10 concorrentes do CPR2 e a 8 do Promo, num total de 34 concorrentes, serve apenas e só para alargar em demasia o tempo necessário para fazer essa qualificação – que implicou alterações ao horário original -, empurrando o final do Shakedown para apenas 2 horas e meia antes do início da prova, isto se não houver qualquer neutralização e o horário puder ser cumprido!
Depois, mesmo se a ordenação da ordem de partida será por campeonatos, o sistema implementado cria desigualdades entre pilotos que disputam o mesmo campeonato ou troféu com ordens de partida muito diferenciadas (veja-se, por exemplo, o que poderá acontecer no CPR2 e nas Copas Peugeot e Toyota). Ora, tudo seria muito mais simples e justo para todos se adoptassem as regras do ERC e apenas as viaturas Rally2 fizessem a qualificação.
Mas não é tudo! Vamos ter uma qualificação que apenas servirá para definir a ordem de partida para os pouco mais de 15 Km competitivos de sexta-feira – já agora, num rali com tantos inscritos, fazer um troço com duas passagens seguidas, pouco ou nada contribui para uma prova competitiva, implicando uma hora de neutralização. Quem aprova os percursos deveria (também aqui) estar mais atento! – porque, a nada ser alterado, para sábado, com mais de 80 Km de troços, a ordem de partida será a da classificação de sexta!
A quem lhe sair a fava de ter sido o mais rápido na sexta – certamente que iremos ter, como no ano passado, quem levante o pé antes da tomada de tempo do segundo troço – leva logo com a “prenda” de limpar a estrada num troço de mais de 16 Km, logo maior do que a soma dos dois de sexta! E isto será apenas o primeiro troço! Algo mais se poderia criticar, nomeadamente o facto de não se acautelar, numa prova de terra, logo com probabilidade de pó, a possibilidade de intervalos [entre os concorrentes] iguais para todos. No Algarve deu no que deu, mas parece que ninguém aprendeu!
Apetece perguntar: Será assim tão difícil regulamentar simplificando processos e contribuindo para provas justas e competitivas para todos!? Achamos que não, mas pelo que vamos vendo, se calhar estamos no país errado. É que são mesmo muitas as especificidades dos ralis portugueses!...
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