Fique com o primeiro bloco de soltas do Rali Terras d´Aboboreira, a sexta prova do CPR.
Esperar pelas novidades:
Com uma estrutura pouco amiga do público e também da competitividade (troços extensos e em número reduzido), mas onde com alguma facilidade dava para ver todas as especiais, o facto de o CPR ter poucos inscritos e haver bons carros cá para trás, isto é (não) integrados no CNR, fez com que os adeptos optassem por esperar nos troços mais algum tempo. O motivo era para ver os N5 de Vítor Pascoal e Pedro Silva e o Porsche de Mex, mas também o Mirage Proto de Tiago Almeida. Se para mim e para muitos adeptos, à excepção do Mirage, nenhum dos outros era absoluta novidade, são carros muito interessantes e como tal merecedores da espera. Se sobre o Mirage (carro com muito bom aspecto, assinale-se) ainda poderei ter algumas dúvidas, os outros deveriam ser autorizados a integrar a prova do CPR. Para quem tem um R5, desde que minimamente bem guiado, os N5 e o Porsche estão longe de ser adversários, mas a sua admissão ao CPR seria uma mais-valia e um contributo para uma maior diversidade do plantel, possibilitando também novos focos de interesse.
Reconhecimentos Vs. Evolução:
Mesmo se falar com os elementos das equipas se afigura este ano mais difícil, ainda tive oportunidade de trocar algumas ideias com alguns. Das conversas que tive, destaco a questão dos reconhecimentos. Quando questionei um navegador sobre esses, ele confirmou que tiveram dois dias para os fazer, das 8 às 18. Nada de novo, portanto! Curiosamente, e já escrevi sobre isso, reduziu-se a quilometragem cronometrada mas mantiveram-se os horários dos reconhecimentos! No mínimo, estranho! Ora, ainda segundo o referido navegador, no Terras d'Aboboreira, esses dois dias, se bem aproveitados, davam para fazer oito passagens pelos troços (apenas 3, recordo). Pergunto, será que é com oito passagens de reconhecimento (legal) que queremos vir a ter algum dia um piloto na alta-roda dos ralis mundiais? Se é, podem tirar o cavalinho da chuva, porque ou nos aparece alguém (muito) sobredotado e (bem) abonado - ser só sobredotado, em Portugal não chega - ou nunca ninguém lá vai chegar.
Andamentos:
Sete meses depois o CPR regressou à terra e esse regresso trouxe confirmações, surpresas e desilusões quanto aos andamentos. Confirmação foi o caso de Armindo Araújo que tal como tinha acontecido em Fafe e Felgueiras não deu qualquer hipótese aos adversários. Surpresa foi o andamento de Miguel Correia, claramente um degrau acima daquilo que já tinha mostrado anteriormente, mas também o dos açorianos Rafael Botelho – a fazer a primeiro prova em terra com um R5 – e muito especialmente de Ruben Rodrigues que liderou as 2RM e apenas foi batido no final pelo endiabrado Daniel Nunes. Desilusão o andamento de Bruno Magalhães, que lhe pode ter hipotecado o título e mais ainda o de José Pedro Fontes, muito abaixo do habitual.
Clube Automóvel de Amarante (CAA):
O CAA merece todos os encómios por ter conseguido levar a bom porto a sua prova, mas também por toda a sua atitude perante a situação criada com a pandemia. Convém recordar que o Rali Terras d’Aboboreira estava inicialmente previsto para Junho e quando foi necessário reestruturar o calendário do CPR, o CAA logo se disponibilizou para fazer parte da solução e nunca do problema. Por conveniência do calendário aceitou não remarcar a sua prova. Mais tarde com o cancelamento tardio dos Açores, logo com o CPR a ficar reduzido a apenas uma prova de terra, o CAA meteu mãos à obra e conseguiu montar a sua prova e assim permitir que o CPR tivesse uma segunda prova de terra, e logo uma excelente rali, bem promovido e bem organizado. Mais ainda porque nas últimas semanas o CAA esteve sempre com o cutelo sobre a cabeça quanto a um eventual cancelamento, mas os responsáveis pelo clube amarantino acreditaram sempre e conseguiram realizar a sua prova pelo que todos os intervenientes dos ralis em Portugal lhe devem agradecer o empenho.