O CPR ruma de novo a norte para o rali Terras d’Aboboreira, nos concelhos de Marco de Canaveses, Baião e Amarante. Com casa cheia existem muitos focos de interesse, mas a estreia de Kris Meeke e o regresso de Armindo Araújo estarão na mira de todos.

Nunca o CPR foi tão mediático lá fora, primeiro com a vinda de Craig Breen, agora com a vinda de Kris Meeke. Basta estar com alguma atenção à imprensa online estrangeira de referência no mundo do desporto automóvel, especialmente dos ralis, para comprovar isso. Mas para esta prova, há que realçar e enaltecer o excelente trabalho de promoção e divulgação que o Clube Automóvel de Amarante faz, sendo que neste âmbito, não sendo caso único no CPR, está vários degraus acima de outros clubes que integram o campeonato.

Numa prova que será muito marcada pela trágica perda de Craig Breen e onde o CAA irá honrar a memória do malogrado piloto irlandês, nomeadamente com o carro 0, as atenções irão certamente estar mais focadas no regresso à competição de Armindo Araújo e Luís Ramalho, depois de uma rápida recuperação do grave acidente em Boticas e na estreia do britânico [norte irlandês] Kris Meeke, um piloto que dispensa apresentações, mas que desde 2019 só muito pontualmente (para além dos testes) fez ralis.

Já nos quarentas, logo totalmente integrado na média de idades da maioria dos pilotos portugueses da frente, Meeke, reconhecidamente dos mais rápidos pilotos do WRC, mas a quem muitas vezes faltou a consistência necessária, o que o limitou, e muito, na carreira, será sempre um dos mais fortes candidatos à vitória. O mesmo se pode dizer de Armindo Araújo, embora, como o próprio piloto de Santo Tirso reconhece, falte saber se a sua condição física o poderá afectar na sua performance ao longo da prova.

Dentro do CPR, e salvo alguma surpresa, Miguel Correia e Ricardo Teodósio são claramente os outros dois pilotos candidatos à vitória. O ainda jovem piloto de Braga, ao volante do competitivo Skoda Fabia, lidera o campeonato, fruto dos dois segundos lugares nas provas anteriores e tem na Aboboreira a sua prova talismã, já que foi aqui que alcançou a sua primeira e até agora única vitória no CPR. Quanto ao piloto da Hyundai Portugal, depois de um começo frouxo em Fafe, esteve à altura dos acontecimentos, vencendo no seu Algarve natal.

Numa lista de inscritos com 19 viaturas Rally2/R5, nem sempre fáceis de encontrar, dada a especificidade portuguesa (mais uma!) da elaboração da lista de inscritos pura e simplesmente por numeração crescente, quando integra um campeonato com equipas com números fixos, existem outros nomes que poderão ter uma palavra a dizer na luta pelas posições cimeiras, nomeadamente José Pedro Fontes, Bernardo Sousa e Pedro Meireles.

Fruto da sua colocação no calendário, da qualidade dos troços e também do trabalho do CAA, a Aboboreira tem conseguido atrair pilotos estrangeiros de alguma nomeada que aproveitam a prova para preparar o Rali de Portugal. Se já houve anos com melhor colheita, mesmo assim temos quatro equipas do WRC2 com os pilotos, Norbert Herczig, Marco Bulacia , Alejandro Cachón e Rakan Al Rashed. Se à partida nenhum destes pilotos parece poder vir à Aboboreira e dominar a prova, convém ter em atenção que são pilotos rápidos e poderão intrometer-se na luta pelos lugares cimeiros, sendo que talvez o boliviano Marco Bulacia seja o principal nome a seguir.

A prova do CAA conta também para o CPR2, com uma muito boa lista de inscritos e onde vários concorrentes vão lutar pelo campeonato mas também pela Copa Ibérica Peugeot. Espera-se é que as regras relacionadas com a qualificação não venham a ter um papel que não deveriam (de todo) ter na definição das posições de vários pilotos. No campeonato, o campeão em título, Ernesto Cunha lidera, seguido de perto por Ricardo Sousa, mas o CPR2 este ano está bem mais aberto e participado, pelo que há vários outros pilotos candidatos à vitória.

Ainda dentro do CPR2, atenção também para os mais jovens, com 11 equipas integradas no campeonato Júnior. Mas há também Clássicos, embora apenas 4, com três Mitsubishi e um Nissan Micra.

Mas a prova da Aboboreira conta ainda com os concorrentes de dois troféus ibéricos, com 19 concorrentes na Copa Peugeot 208 e 14 no Copa Toyota Yaris, sendo que na primeira a maioria (10) são equipas portuguesas e na segunda os portugueses são apenas 3, mas há também a Copa promovida pela Sports & You, para modelos do Grupo Stellantis, com 13 concorrentes.

Com a introdução (finalmente) do rali único (que os regulamentos complicam, mas disso falaremos noutro local), temos na Aboboreira os concorrentes aos campeonatos “Promo” e “Start”. 17 concorrentes no Promo, 16 no Promo Norte e 7 no Start Norte (a esmagadora maioria comuns) estão inscritos na prova do CAA.

Temos assim na prova do CAA muito focos de interesse, com uma lista de mais de 90 inscritos, diversidade de viaturas, vários campeonatos e troféus.