Fique com um segundo conjunto de notícias soltas sobre o Rali Terras D'Aboboreira deste fim de semana.

Promoção/Divulgação
Já se tornou um hábito a aposta do Clube Automóvel de Amarante (CAA) na promoção/divulgação da sua prova. Este ano de novo isso aconteceu e a um nível quase sem igual no panorama nacional. Desde há uns anos a esta parte que no CPR dois clubes se vêm destacando na promoção das suas provas, o CAMG [Vidreiro] e o CAA [Aboboreira], mas este ano este último subiu (ainda mais) a parada. Vamos ver como ‘responderão’ os outros clubes nas suas provas deste ano. Porém, nem tudo é assim tão simples já que se continua a enfermar do problema da ‘bolha’! A promoção/divulgação restringe-se quase só e apenas às redes sociais e na TV, a programas específicos, emitidos vários dias depois das provas (já foi pior), em canais com audiências residuais. Infelizmente, pouco ou nada se faz para sair dessa ‘bolha’ e procurar chegar a um público diferente e bem mais alargado.

Estrutura
O CAA, com a agravante de levar para a estrada uma prova em três municípios, ao contrário de outros, tem-se dado ao trabalho de inovar no percurso. Claro que se utilizam os mesmos (fabulosos) troços em que a região é rica, mas o CAA todos os anos aposta em mudanças, não se limitando a repetir o mesmo esquema do ano anterior. Este ano a estrutura privilegiou o público que gosta de ficar no mesmo troço para ver duas passagens, o que, mesmo para alguém, como aqui o vosso escriba, que gosta de saltar de troço para troço, pode nem ser mau de todo. Porém, esta estrutura, acabou por ser ‘boicotada’ devido à curta lista de inscritos no CPR - apenas 34 equipas, quando em 2021 tinham sido 52 – e principalmente pela escassíssima participação no Promo (sic). Ora, isso fez com que o tempo de espera entre as duas passagens fosse longo e desesperante.

Público
O facto de o rali ter decorrido numa sexta-feira, feriado nacional, talvez tenha contribuído para uma forte afluência do público. Exemplo disso foi o Shakedown/QS que, entre as provas nacionais, terá sido um dos que teve mais gente. Se compararmos com os anos anteriores na Aboboreira, isso então foi gritante. Mas também no sábado, muita gente seguiu o rali, e chegar aos troços nem sempre se afigurou fácil. Embora menos ‘intrusivas’ que em anos anteriores e em número muito longe do exagero de Fafe – onde em alguns locais eram (quase) mais os agentes de autoridade do que os espectadores -, as forças de autoridade acabam por ter de cumprir ordens que são claramente falhas de lógica e que por vezes até parecem que visam afastar o público dos ralis. E, atenção, que o público, na sua generalidade, tem nestes últimos tempos, tido um comportamento exemplar.

Carros Zero
Aposta ganha a presença da Ford Ranger de Nuno Madeira como um dos carros de abertura da prova. A Pick-up é espectacular – numa época em que proliferam os motores turbo nos ralis, aquele barulho da Ford Ranger até arrepia – e certamente que deixou muitos adeptos com água na boca para se deslocarem a uma Baja do CPTT. Ainda quanto aos carros Zero, não deixa de ser irónico que a regulamentação do CPR exclua liminarmente a participação (mesmo que com classificação separada) de viaturas VSH e depois na Aboboreira o Carro 0 tenha sido um BMW ‘para lá’ de VSH.

Ordem de partida – 1
Regulamenta-se e bem a existência de uma prova de qualificação para definir a ordem de partida. Como todos facilmente entendem, dado os pisos de terra secos, os mais rápidos escolhem partir mais atrás. Na Aboboreira fizeram uma dupla passagem por um troço curto (cerca de 17% do total do rali) e no dia de sábado a ordem passa a ser a da classificação. Mas então os pilotos arriscam na qualificação para serem os mais rápidos para poderem escolher a melhor (mais atrás) posição à partida e depois, caso se mantenham mais rápidos, são obrigados a partir à frente e aí fazerem mais de 80% do percurso cronometrado! Haverá nisto alguma lógica? Claro que não! E a prova disso mesmo é que alguns pilotos levantaram o pé (ou até travaram) antes da tomada de tempo da segunda especial.

Ordem de partida – 2
Questionável também é a participação de algumas equipas do CPR2 na Qualificação. Na Aboboreira foram três. Foram as mais lentas, como é normal, e só não ficaram nos três primeiras posições à partida porque Gil Antunes chegou tarde e acabou por ficar com o único lugar disponível, o primeiro. Resultado, cria-se um fosso enorme entre as várias equipas do mesmo campeonato, que pode revelar-se decisivo na classificação do rali. O ERC já reserva a Qualificação apenas aos Rally2 e o CPR deveria fazer o mesmo.

Falsas partidas
Não se sabe se provocada pela falta de adaptação ao novo sistema de cronometragem, o facto é que tem havido algumas falsas partidas na Qualificação – José Pedro Fontes em Fafe e agora na Aboboreira, Armindo Araújo e Bruno Magalhães. Curiosamente no briefing de segurança após a escolha da ordem de partida, o responsável pela empresa (espanhola) de cronometragem, questionou todos os pilotos presentes sobre a possível mudança do sistema de luzes (que alguns pilotos se queixaram de ser algo confuso) para o de números. Mesmo se esse responsável, com muito boa vontade, falava um misto de galego/castelhano/português, foi unânime a mudança para o sistema de números. Já agora, e estranhamente isso não foi divulgado, existe uma excelente aplicação – A Todo Motor – onde é possível seguir os tempos online, incluindo mesmo tempos parciais.