Finalmente o CPR 2021 vai ter o seu início e curiosamente na mesma prova em que o campeonato de 2020 terminou. Com uma excelente lista de inscritos, onde proliferam muitos estrangeiros, Amarante, Baião e Marco de Canaveses com os seus belíssimos troços de terra vão certamente ser palco de um excelente rali.

Com uma lista de 52 inscritos ter 24 equipas estrangeiras é obra! Uma prova cosmopolita! Sobre isto, alguns verão o copo meio cheio, outros vê-lo-ão meio vazio. E isto porquê. Ter uma lista com a qualidade do Terras d’Aboboreira é extraordinário. Motivos: a qualidade da prova, a sua estratégica colocação no calendário nas ‘vésperas’ do Rali de Portugal e a situação pandémica que tem levado a que alguns pilotos procurem provas no estrangeiro para poderem competir e/ou preparar o regresso à competição nos seus países. Por outro lado, esta conjugação de factores que permitiu esta lista na prova do Clube Automóvel de Amarante (CAA) deverá ser muito difícil, senão mesmo impossível, de repetir, pelo que só com a prata da casa as listas do CPR poderão andar pelos vinte, vinte e cinco inscritos, daí a (quase) absoluta necessidade de continuarem a recorrer aos ‘regionais’.

Mas sobre a presença de estrangeiros, convém relembrar que o CAA tem sabido atrair à sua prova, quando em piso de terra, concorrentes de nomeada, nomeadamente Takamoto Katsuta e Adrien Fourmaux. Mas na quantidade deste ano isso é algo que nunca tinha acontecido, e em situação normal pós-pandemia dificilmente se deverá repetir. Sendo Portugal um país algo periférico, a deslocação é sempre um entrave à participação de estrangeiros, que não os espanhóis, que ainda assim, na lista deste ano, são uma quinzena, logo mais de 60% dos estrangeiros inscritos. Já agora e para que não digam que apenas critico, quero dar os meus encómios ao CAA pelo facto, inédito em Portugal, de ter conseguido fazer uma lista de inscritos onde as equipas espanholas aparecem com os nomes correctos. Espero agora que os outros clubes organizadores do CPR sigam o bom exemplo do CAA!

Depois deste introito, já longo, falando daquilo que deverá acontecer, com uma lista destas fazer uma antevisão será sempre algo muito arriscado. Se são 23 os concorrentes inscritos ao volante de viaturas R5 (ou Rally2), os favoritos deverão ser em número muito mais reduzido. Dos estrangeiros, Ole Christian Veiby (Hyundai i20) é aquele que se afigura como o mais favorito. Também será interessante ver a performance do campeão europeu de 2019, Chris Ingram (Skoda Fabia) mas este, em terra, já não faz um rali desde esse ano pelo que será algo estranho (e mau para os mais rápidos portugueses) que possa vir a ser protagonista na luta pela vitória. Dos outros estrangeiros, a Pepe López (Skoda Fabia) pode-se aplicar o mesmo raciocínio que a Ingram, talvez ainda mais agravado, pois o jovem bicampeão espanhol além de se ir estrear com o carro checo tem muito pouca experiência em pisos de terra.

Sendo assim, os mais rápidos pilotos portugueses espera-se que sejam obrigados a mostrar aquilo que valem, sendo que isso só será possível se houver lutas renhidas entre eles, porque se isso não acontecer, o mais normal é que adoptem uma toada de alguma contenção, já que os estrangeiros são ‘invisíveis’ para as contas do CPR. E quem deverão ser os portugueses mais rápidos? Direi que os mesmos do costume: Armindo Araújo, Bruno Magalhães, Ricardo Teodósio, José Pedro Fontes e Pedro Meireles. Mas há certamente muita curiosidade para ver onde se ‘encaixará’ Bernardo Sousa (Skoda Fabia) que em boa hora regressa ao convívio do CPR. Rapidez o madeirense já provou por muitas vezes que tem, e mesmo com a paragem forçada, vamos ver se rapidamente recupera essa rapidez e se consegue aliá-la aquilo que algumas vezes lhe faltou na carreira, a consistência.

Foco importante de interesse será a Copa Peugeot Ibérica, mais uma vez com um excelente número de inscritos, dezassete, entre os quais seis equipas portuguesas e dez espanholas. Com um excelente prémio final, que este ano permite a escolha entre algumas provas num Rally2 ou a participação no ERC ao volante do 208 Rally4, espera-se uma luta renhida pelas posições cimeiras, sendo de destacar, na minha perspectiva, pela negativa, o facto da média de idades dos nossos pilotos da Copa ser claramente mais elevada do que a dos espanhóis, mas infelizmente isso não é só apanágio da Copa. A prova do CAA conta também com 20 concorrentes do Campeonato Norte (CNR) onde se destacam as inscrições de três pesos-pesados dos ralis nacionais: Adruzilo Lopes, Fernando Peres e Vítor Pascoal.

Com uma estrutura limitada pela regra dos 100 Km de especiais (regra que parece ser apenas rígida para as provas nacionais, veja-se os mais de 120 km - sem assistência - da prova do CPR no Rali de Portugal!...), o CAA montou uma prova com sete especiais, duas na sexta à tarde e as restantes cinco no sábado, sendo de destacar pela positiva – embora com custos no horário - a inversão da ordem de partida dos mais rápidos para a especial final – a Power Stage – procurando potenciar o interesse da prova até ao seu final. Ainda na sexta, logo pela manhã os concorrentes poderão efectuar o Shakedown e alguns deles também a Qualificação.

Horário:

Sexta - 30 de Abril
< Shakedown/Qualificação – a partir das 08:30
PEC 1 – Amarante Natureza Criativa (13,83 Km) – 15:50
PEC 2 – Amarante Natureza Criativa 2 (13,83 Km) - 17:35


Sábado - 1 de Maio
PEC 3 – Marão (10,08 km) – 10:05
PEC 4 – Baião Vida Natural (19,17 Km) - 11:10
PEC 5 – Marão 2 (10,08 km) – 12:45
PEC 6 – Aboboreira (16,94 km) – 15:40
PEC 6 – Aboboreira 2 – PS (16,94 km) – 18:20

Site oficial: https://terrasdaboboreira.pt/