A confirmação do regresso da Aston Martin Lagonda à classe rainha das competição de resistência acabou por não ser uma surpresa. Era um assunto que vinha a ser falado e noticiado nos últimos meses. Contudo,s ainda existem muitas dúvidas sobre o empenho da marca britânica neste projecto.
A Aston Martin esteve presente nas negociações iniciais entre o binómio ACO/FIA e os construtores na fundação da classe Hypercar. Contudo, no final de 2020, os britânicos viraram as costas ao seu projecto oficial, apesar de os regulamentos Le Mans Hypercar terem sido concebidos especificamente para que a Aston Martin fosse autorizada a competir com um carro em tudo muito próximo da versão de estrada, neste caso o modelo Valkyrie.
A primeira versão do LMH foi adiada na sequência do anúncio da categoria LMDh, na cerimónia de abertura das 24
Horas de Daytona do campeonato IMA SportsCar Championship em 2020. A marca argumentou na altura que o facto de a mais barata
categoria baseada no ILMP2 tinha prejudicado a hipótese de negócio
de vender Valkyrie LMHs a equipas privadas e coleccionadores.
Numa conferência de imprensa realizada na pretérita semana, a Aston Martin Lagonda anunciou a sua entrada nas corridas de resistência ao mais alto nível em 2025. Isto, numa altura em que é público que as finanças da marca vivem momentos difíceis.
Todavia, logo na
segunda frase do comunicado de imprensa
há uma referência à Heart of
Racing, cujo proprietário da equipa, o magnata dos videojogos Gabe Newell, aparentemente e
obviamente, "desbloqueou" o projecto. A Aston Martin precisava de um parceiro que contribuísse financeiramente para que o Valkyrie corresse.
"Por meio do inestimável apoio e suporte do parceiro do vencedor de campeonatos de endurance da Aston Martin, Heart of Racing, pelo menos um Valkyrie de corrida será inscrito pela Aston Martin nas provas mais importantes do Mundial de Endurance (WEC) e da série IMSA a partir de 2025."
Como um construtor automóvel de nicho, a Aston Martin precisa de ser um pouco mais
mais criativo do que empresas maiores como a Toyota ou a Porsche.
Quem paga exatamente o quê, obviamente não é do domínio público, mas é preciso dizer que o programa não é um livro de cheques aberto no que diz respeito à Aston Martin.
No Grande Prémio de Fórmula 1 no
Qatar, ficou claro que os pilotos de F1 da marca, incluindo o experiente e ex-vencedor de Le Mans, Fernando Alonso, não serão autorizados a competir neste projecto. Pelo menos, nesta fase inicial.
Uma vez que o Valkyrie LMH não usará o sistema
híbrido e só o motor V12 terá de cumprir os
700 cv - por isso, em comparação com o automóvel de estrada, a potência deverá ser significativamente reduzida.
O Valkyrie AMR Pro foi originalmente projectado e desenvolvido para atender ao regulamento dos hypercarros e agora a Aston Martin Performance Technologies, situada no recém-construído AMR Technologies Campus (paredes meias com o quartel-general da Aston Martin Aramco Cognizant Formula 1 em Silverstone), iniciou a missão de desenvolver o protótipo de uma versão de competição do Valkyrie dentro de uma aerodinâmica pré-definida e uma janela de performance de potência que a deixe em paridade com seus rivais do WEC.
|