Burkhard Goeschel, um membro do quadro executivo da BMW, assegura que, nesta altura, o aparecimento de um campeonato paralelo criado pelos construtores é quase inevitável.

De acordo com o que o alemão declarou à Reuters, até ao final deste ano terá que ser tomada uma decisão quanto à criação de uma categoria rival à Fórmula 1 e depois disso nada fará os construtores recuarem nas suas intenções. “Estamos quase no ponto de não regresso. Nós realizamos aproximações aos circuitos e aos patrocinadores com dois anos de antecedência. A decisão será tomada até ao final do ano” garantiu o germânico.

Goeschel, que lidera a Grand Prix Manufacturers’ Association (GPMA), confirmou a união entre os construtores e revelou que a entidade que lidera não quer qualquer tipo de contacto com a SLEC – que é constituída pela família Ecclestone e pelos bancos – enquanto que pretende que a FIA não passe de uma mera referência sem qualquer palavra a dizer quanto à criação dos regulamentos. “Neste ponto não somos flexíveis”, afirmou de forma peremptória o homem da BMW, que criticou também o acordo de cem anos entre a FIA e a SLEC no que diz respeito aos direitos televisivos. ”Não queremos ligarmo-nos as parte que têm um acordo sobre o qual ninguém nada sabe.”

Apesar da quase inevitabilidade de um novo campeonato, Goeschel não prevê que existam dois campeonatos a disputar o mesmo espaço, como acontece nos Estados Unidos da América, assegurando que será a categoria dos construtores a mais forte: “Penso que não haverá qualquer divisão no futuro. A união dos cinco construtores é de estrema importância para o presente dos Grandes Prémios e para o seu futuro. A Honda comprou a BAR e agora detém o seu controlo. Somos cinco construtores e cada um de nós tem uma equipa, possuímos também a tecnologia.
“Mais importante ainda, no futuro os patrocinadores estarão cometidos aos valores intrínsecos dos construtores. As companhias querem estar ligadas aos grandes construtores de automóveis e é essa a nossa grande força.”

Mas a GPMA não pretende criar um campeonato apenas com as equipas dos construtores, querendo também aliciar os independentes, tendo a maior parte destas assinado um novo Acordo da Concórdia com Bernie Ecclestone – a Red Bull Racing, Minardi e a Jordan/Midland F1 – enquanto que a Williams ainda não se inclinou para qualquer um dos lados. Mesmo a Ferrari será bem vinda pelos construtores, mesmo se a GPMA não está disposta a ceder um tratamento especial à equipa italiana, como acontece hoje. “Teremos também condições atractivas para as equipas independentes, que são muito importantes, muito melhores que as existentes no acordo actual. Estamos bastante interessados em ter connosco as equipas independentes”, assegurou Goeschel.

Como se pode depreender pelas palavras do germânico, está a chegar o momento em que é preciso tomar decisões e estas poderão mudar todas a aparência do desporto que todos apreciamos. Resta esperar que nestes meses em que tudo se poderá precipitar os envolvidos deixem de lado os seus egos e interesses mais ou menos sub-reptícios e tenham em mente o futuro da categoria.